Wednesday, February 11, 2009

Faxina

"Faxinei" meu apê recentemente. Demorei umas 5 ou 6 horas, e comecei a achar excelente morar em pouquíssimos metros quadrados.

Agora a pior parte. Pra contar, tenho que ignorar minha voz mental que agora berra "NÃO CONTA, SEU BOSTA".
Cala a boca, voz. Lá vai:

Depois de 2 semanas sem usar minha máquina de lavar roupa, resolvi dar um fim ao meu problema de "puta que pariu quanta roupa suja". Na última vez que tinha lavado roupa, a máquina tinha dado umas tossidas, talvez tentando me dizer "vai com calma, seu filho da puta, porque além de húngara eu sou velha, e portanto não só trabalho devagar e mal, mas não aguento muito peso". Eu, caridoso, dividi minha montanha de roupa suja em dois morros, e comecei o procedimento de 30 passos pra fazer a velha húngara trabalhar.

Lá pelo passo 3 (abrir a máquina), recebo um claro sinal olfativo de que algo não corria bem. Pra quem não viu, cabe uma descrição da máquina: você abre a máquina, e dentro tem um tambor que gira pra lavar e centrifugar a roupa. O tambor tem uma porta. A máquina na foto seguinte é tetra-neta da minha:
http://www.appliancist.com/haier-top-loaded-washing-machine.jpg


Continuando. Sinal olfativo.
Meu nariz já tinha alertado o resto de meu corpo para o perigo iminente. Meus olhos se abriram, minha testa se franziu, e todas minhas próximas interações com a máquina foram desaceleradas.

No melhor estilo Sherlock Holmes, vou girando o tambor, já traçando hipóteses sobre o suspeito da tragédia que atingia meu nariz cada vez mais intensamente. Em 180 graus, me deparo com a cena do crime.

MERDA.

Sim, merda. Humana. Merda humana na máquina de lavar roupas. Merda na porta do tambor, do lado de fora. E dois taruguinhos do tamanho de um dedão, calibre alto demais para terem subido pela mangueira que irriga a velha húngara.

Para continuar a história com todo realismo, é necessário que pausem por cinco minutos em silêncio estupefato. Com uma cara de merda mais merda que a soma dos tarugos na máquina.

Da última vez que lavei roupa, havia tirado e pendurado e - sem acrescentar merda - fechado a máquina.
E o mistério que nasceu naquele instante (como uma interrogação seguida por trinta exclamações, todas cobertas de merda) continua até agora. Minhas únicas hipóteses:
  • Minha namorada não tem coragem de jogar merda no ventilador e dizer que não me quer mais, então jogou merda na máquina de lavar pra ver se eu entendo o recado. Algo como "o gato subiu no telhado", mas um eufemismo bem menos sutil. A analogia aqui seria "joguei o gato morto no telhado, e agora tá dando infiltração de tripa podre no meio da sala".
  • Cagar na máquina de lavar é um gesto húngaro de agradecimento e confraternidade, e minha vizinha - proprietária do apê - quis fazer uma surpresinha. Se for o caso, eu - estrangeiro a tal cultura - achei uma merda. Duas, na verdade.
  • Um ladrão invadiu meu apartamento, mas ficou com dó ao ver que eu não tinha merda nenhuma e resolveu deixar umas merdinhas de caridade. Obrigado, ladrão, mas não obrigado.
  • A vizinha da Sapecasa resolveu me reembolsar pelo depósito que fiz na conta dela. No caso, "conta" é "jardim na frente da casa", e "depósito" é "tolete fecal". Aplaudiria a vingança heróica da vizinha, e prometeria nunca mais confundir seu gramado com minha privada.
Meus caros Watsons, me ajudem a resolver esse quebra-cabeças de barro.
Faz três noites que tranco a porta somente pra não encontrar merda na pia, na geladeira ou na escova de dente. Durmo abraçado com papel higiênico.

Socorro!